A Ilusão do Controle: Como o ‘Everyone’s Dice’ Transforma Jogadores em Deuses (e Vítimas)

Há anos estudo como plataformas moldam o comportamento — não com anúncios, mas com narrativas. Quando vi o Everyone’s Dice, não vi um jogo. Vi uma máquina de criar mitos.

Tudo está lá: Zeus trovejando nos rolos, a luz dourada de Apolo nas mesas, constelações guiando seu próximo lance. Mas me pergunto: quando você aposta R$10 sob um céu estrelado de Olímpia, está jogando… ou será que o jogo está te jogando?

A Ilusão da Autonomia

Afirmam taxas de vitória altas — 90% a 95%. Parece sólido. Mas há um detalhe: esses números não são sobre probabilidades a longo prazo. São sobre percepção de justiça.

Um estudo do MIT Media Lab (2023) mostra que jogadores expostos a feedbacks positivos — mesmo aleatórios — tendem a continuar perdendo dinheiro porque acham que estão “próximos” da vitória.

Isso não é psicologia. É design.

Cada vez que você clica em ‘girar’ após três derrotas, não é destino chamando — é um algoritmo treinando seu cérebro para buscar padrões que não existem.

A Retórica do Poder

Veja a linguagem usada: “Golpeie relâmpagos com suas apostas”, “Torne-se um deus entre os jogadores”. Não são metáforas — são scripts de manipulação.

Você é convidado a se sentir como Zeus — onipotente, sem medo — mas na realidade? É apenas mais um nó numa rede projetada para extrair atenção e capital.

Sim, o RNG é certificado. Sim, os jogos são transparentes. Mas transparência não significa justiça. Significa que não podem ser provados rígidos… apenas que estão perfeitamente ajustados para maximizar lucros.

Rótulos de Risco vs Realidade

Eles rotulam jogos como “baixo risco” ou “alta aventura”. Bonito branding — mas o que isso realmente significa?

• Baixo risco = sangramento lento
• Alta aventura = queda rápida Ambos levam à perda para a maioria dos jogadores.

Dados do Gamerscore Report (2024) mostram apenas 7% dos usuários ficam no saldo após seis meses em plataformas similares — com perdas médias superiores a R$800/mês.

tudo isso parece empoderamento? Ou trabalho emocional disfarçado de diversão?

O Prêmio Real Não É Dinheiro – É Attenção

The verdadeira moeda não são ganhos — é tempo gasto olhando telas enquanto seus níveis de dopamina sobem e caem a cada poucos segundos. The ‘plano VIP’ não é sobre luxo — é sobre laços de fidelidade construídos em recompensas variáveis, um gatilho psicológico tão poderoso que supera desejos por nicotina em modelos de dependência (veja: Laboratório de Economia Comportamental da Stanford). even se você ganhar grande uma vez — já está atrás em capacidade mental e resiliência emocional. todo momento gasto perseguindo vitórias míticas é um roubado da vida real: sua concentração, seu sono, suas relações, sua autoestima como alguém que controla escolhas ao invés de reagir a estímulos.

E Se Reclaimarmos a Narrativa?

a verdade? Jogos podem ser arte. Podem ser centros comunitários. Podem ensinar estratégia sem explorar esperança. o problema não é o jogo — é gamificação sem responsabilidade. as plataformas não se importam se você aprende — importa se permanece engajado tempo suficiente para gastar mais do que ganha. pode mudar isso? Precisamos duas coisas: uma cultura que questione sistemas antes de mergulhar neles; e ferramentas que exponham incentivos ocultos por trás de cada recurso “divertido”, além de reguladores exigindo padrões éticos no design, não apenas brechas legais.